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Suspeitos Das Mortes De Marielle e Anderson Tinham Patrimônio Incompatível Com salário e vida De Luxo Após o Crime.

Ronnie Lessa foi apontado o atirador responsável pelas mortes e Maxwell Simões Correa, o Suel, como cúmplice, acusado de ter cedido um carro para a quadrilha, esconder as armas após o crime e ajudar no descarte delas.

As investigações da polícia sobre os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes revelaram que suspeitos de envolvimento na execução movimentaram uma quantidade de dinheiro muito superior às suas rendas. Ronnie Lessa — apontado o responsável pelos disparos — era um sargento da Polícia Militar reformado com salário de cerca de R$ 8 mil. Já o ex-bombeiro Maxwell Simões Correa, preso na última segunda-feira, ganhava R$ 10 mil por mês. Os dois, juntos, fizeram movimentações milionárias e tinham um patrimônio incompatível com os salários, incluindo carros blindados, lancha e terreno em Angra dos Reis.

Segundo a delação do ex-PM Élcio de Queiroz, preso desde 2019, o patrimônio de Ronnie Lessa cresceu após a morte da vereadora. Queiroz contou que Lessa, que já tinha uma Range Rover Evoque, comprou uma Dodge Ram blindada e uma lancha após o crime. Um dos carros que constava em seu patrimônio foi avaliado em R$ 150 mil.

Lessa também custeava duas casas e fazia manutenção em um terreno avaliado em R$ 1,2 milhão em Angra dos Reis, onde ele desejava construir uma fortaleza de dois andares. Ele havia efetuado um orçamento de R$ 123 mil para a obra no terreno de quase 3.500 metros quadrados.

Em depoimento à polícia, o ex-sargento disse que também recebia cerca de R$ 7 mil por semana com quiosques em uma favela de Manguinhos. Segundo o delator, Lessa recebia mensalmente dinheiro com gatonet e também tinha renda vinda de máquinas caça-níquéis.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) acompanhou a evolução patrimonial de Lessa em 2019 e conseguiu constatar uma movimentação suspeita meses após o crime. Em outubro, Lessa depositou R$ 100 mil em espécie numa conta em seu nome.

O levantamento feito na época de sua prisão mostrou que ele ainda possuía cinco armas de fogo registradas em seu nome, sendo quatro pistolas calibre 380 e uma espingarda calibre 12. O ex-sargento também tinha uma lancha avaliada em R$ 261.449,95. Pela vaga onde ela ficava alocada, em Angra dos Reis, Lessa pagava R$ 2.049,95 mensais.

Ele também era proprietário de um imóvel no condomínio Píer 51, em Mangaratiba, e de uma casa no Vivendas da Barra, onde os imóveis custam cerca de R$ 2 milhões. A pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio, o juiz Gustavo Kalil, do IV Tribunal do Júri, determinou o sequestro de todos.

Vida da família Lessa após prisão

Em depoimento feito há dois meses, a esposa do ex-sargento, Elaine Pereira Figueiredo Lessa, falou em detalhes sobre como ficou a vida financeira da família após a prisão do marido. No relato, ela falou sobre as dificuldades financeiras que enfrenta com os filhos.

Após ser presa duas vezes — uma por obstrução de justiça ao atrapalhar as investigações do Caso Marielle , e outra por tráfico internacional de armas — ela passou a trabalhar como body piercing em um estúdio na Freguesia, na Zona Oeste do Rio. Ela trabalha de segunda a sábado e recebe cerca de três salários mínimos por mês, além da comissão por venda das joias personalizadas.

A filha Mohana trabalha como gerente no mesmo estúdio e recebe R$ 2 mil mensais, além da comissão sobre as vendas da loja. O filho Igor atua como tatuador e body piercing recebendo R$ 3 mil. Os três moram juntos em uma casa na Barra da Tijuca e mantém outra casa em Jacarepaguá.

Segundo ela, os custos da família giram em torno de R$ 5 mil por mês, incluindo condomínio, água, luz, internet, gás, gasolina. À polícia, ela contou que desde que Lessa foi expulso da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), ela não recebe nenhum dinheiro da instituição.

No depoimento, ela disse que evita ao máximo conversar sobre os processos de Lessa com seus familiares, e que a filha Mohana que paga pela defesa de Lessa.

Nesta quarta-feira, foi decidido que o terreno em Angra dos Reis vai a leilão. O local será vendido a quem oferecer o maior valor a partir de R$ 520 mil, preço pelo qual foi avaliado. De acordo com uma decisão judicial, o arresto da propriedade servirá para indenizar as famílias das vítimas dos crimes.

Movimentações milionárias do ex-bombeiro

O ex-bombeiro Maxwell Simões, o Suel, apontado por Élcio de Queiroz, como a pessoa que monitorou os passos da parlamentar, além de ter se desfeito de provas e do carro usado no crime, declarou no imposto de renda ter recebido pouco mais de R$ 79 mil no ano de 2019. Entretanto, um levantamento da Polícia Federal mostrou que ele movimentou milhões de reais após o crime, entre 2019 e 2021 ele movimentou cerca de R$ 6,4 milhões nas contas bancárias dele.

Suel teria feito pagamentos no valor de R$ 567 mil, e recebido R$ 569 mil em sua conta bancária pessoal entre 12 de março de 2019 e 13 de outubro de 2021. Somando, a movimentação é de R$ 1,1 milhão, quantia considerada pelos investigadores como incompatível aos R$ 10 mil mensais que recebia como bombeiro — se o suspeito não gastasse nada do salário, acumularia R$ 360 mil em três anos.

Além dessas transações, há também quantias ligadas à empresa Rohden Imports, voltada à comercialização de veículos. Para a PF, o empreendimento de Suel faz parte de um esquema de lavagem de dinheiro, no qual, em apenas três meses, o delator teria movimentado R$ 5,3 milhões.

Ele também teria recebido R$ 132 mil de Carla Oliveira de Melo, presa em 2021 por envolvimento com o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, R$ 10 mil de Danilo Destro Furtado, apontado pela PF como estelionatário, e R$ 16 mil da empresa Motors 13, pertencente a Fábio Dutra de Souza, preso por envolvimento na importação irregular de veículos de luxo.

O levantamento da PF também reforça a ligação do ex-bombeiro com pessoas presas ou condenadas por estelionato, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e envolvimento com milícias. Entre julho de 2021 e março de 2022, o ex-bombeiro recebeu R$ 142,3 mil de Fábio Marques Nobre de Almeida, ex-policial preso em 2011 e já condenado por participação em grupos paramilitares.

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