A Eve Air Mobility (Eve) e a Embraer anunciaram nesta quinta-feira, 20, que a primeira fábrica para a produção das aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL), o “carro voador”, da Eve será em Taubaté, no interior de São Paulo. A planta ficará em uma área a ser ampliada dentro da unidade da Embraer na cidade e está sujeita à aprovação final das autoridades.
Segundo a Embraer, o local se beneficia de uma logística estratégica, oferecendo fácil acesso por meio de rodovias e proximidade de uma linha ferroviária. Além disso, a localização é próxima à sede da Embraer, em São José dos Campos, e da equipe de engenharia e recursos humanos da Eve, o que deve facilitar o desenvolvimento e a sustentabilidade de processos de produção.
“Essa decisão está alinhada ao nosso plano estratégico de crescimento baseado em inovação e sustentabilidade”, disse, em nota, Francisco Gomes Neto, Presidente e CEO da Embraer. “Acreditamos no enorme potencial do mercado global de Mobilidade Aérea Urbana e reforçamos nosso compromisso com a Eve como uma das principais empresas desse setor.”
Criada em 2020, a Eve lançou ações na Bolsa de Nova York dois anos depois, após concluir o processo de fusão com a americana Zanite, uma Spac (companhia de propósito específico de aquisição, isto é, uma empresa que primeiro vai à Bolsa levantar recursos para, depois, encontrar um projeto no qual investir).
Antes de a fusão ser concluída, a Eve havia sido avaliada em US$ 2,4 bilhões e seus acionistas, injetado US$ 357 milhões no caixa da empresa. Desse total, 51,8% saiu da Embraer, 7% da Zanite e 41% de um consórcio formado por companhias como a fabricante de motores Rolls-Royce, as companhias aéreas SkyWest e Republic Airways, o Bradesco BBI, entre outras.
No mês passado, a subsidiária da Embraer anunciou que seu protótipo será apresentado ao mercado em 2024, com início da operação em 2026. Depois do desenvolvimento interno, a aeronave elétrica passa agora pela fase de detalhamento com fornecedores. Em paralelo, a empresa tem conversado com reguladores e potenciais clientes.
Segundo a companhia, uma das empresas que vai fornecer equipamentos para o eVTOL é a Nidec Aerospace LLC, joint-venture entre a japonesa Nidec Corporation e a Embraer, que desenvolverá o sistema de propulsão elétrica do veículo.
O vice-presidente de serviços e soluções de operação da Eve, Luiz Mauad, já afirmou que a viabilidade financeira para o usuário final também é prioridade. A empresa calcula que o preço de uma passagem de eVTOL deverá corresponder a duas vezes o que é pago em uma viagem de carro por aplicativo para fazer a mesma jornada, podendo variar de acordo com cada cidade.
“A empresa só nasceu de fato quando encontramos a tecnologia adequada para que o valor do voo fosse acessível”, afirmou Mauad recentemente. Com a capacidade de escala prevista pela Eve, a companhia projeta que, até 2035, 450 eVTOLs possam estar sobrevoando a cidade de São Paulo, com conexões em mais de 30 pontos, ainda de acordo com o executivo.
A empresa prevê para a segunda metade de 2023 a montagem do primeiro protótipo da aeronave, que deve entrar em teste em 2024. O modelo inicial contará com um piloto e capacidade para mais quatro passageiros. Mais para frente, depois da consolidação da operação, o veículo deverá voar sem piloto a bordo. /Colaboraram Luciana Dyniewicz e Elisa Calmon